Hostilidade – Por Pr. Guilherme Gimenez
Não sei se é impressão minha, mas tenho achado as pessoas cada vez mais hostis. A princípio, diria que as pessoas estão mais nervosas, mas preferi dizer que estão mais hostis. Nem sempre a pessoa nervosa é hostil, e o que vejo, em grande parte das pessoas com quem convivo, é um comportamento que vai além do nervosismo: as pessoas estão agressivas no falar e no agir, estão descontroladas emocionalmente, estão dando vazão a sentimentos de raiva, rancor, ódio. E a palavra que resume bem esse comportamento é hostilidade.
Qualquer motivo, por menor que seja, é suficiente para que as pessoas demonstrem hostilidade, e talvez isso se deva ao fato de que não é o motivo que as torna hostis, pois qualquer motivo revela uma hostilidade que já existe no coração e na mente. Qualquer assunto dispara uma hostilidade incrível. As pessoas não querem ouvir uma opinião diferente – contrária, então, nem se fala. Tudo é interpretado como provocação, e chegamos à situação de preferirmos nos calar, sair de grupos, terminar relacionamentos e até romper amizades antigas, pois sabemos que estamos prestes a perder o controle e despejar hostilidade sobre os outros.
Que cenário triste! Por que chegamos a esse ponto? Sara Oliveira e Lúcia Ribeiro pesquisaram sobre esse tema e chegaram a uma conclusão interessantíssima: a hostilidade está relacionada ao sofrimento. Quanto mais uma pessoa está sofrendo, mais hostil ela pode se tornar (Oliveira & Ribeiro, 2012). Acredito bastante na conclusão das duas pesquisadoras. A hostilidade é uma arma de defesa utilizada até inconscientemente. Ela esconde nossas dores, fraquezas, decepções na vida e uma série de outras experiências dolorosas que temos. E, tentando nos proteger, atacamos ferozmente, muitas vezes, sem perceber que nossa hostilidade é tão grande que supera, em muito, o ataque recebido.
A hostilidade só diminuirá quando cada pessoa conseguir lidar com seus sentimentos de forma construtiva, entendendo que manifestações hostis não resolverão seus problemas pessoais, nem compensarão suas perdas e sofrimentos. Pelo contrário, hostilidade gera hostilidade e, em um ambiente assim, é impossível conviver, aprender, construir algo em parceria e até mesmo experimentar um ambiente que seja acolhedor para novas ideias, novos projetos e mudanças necessárias para a vida.
Tentemos um caminho mais leve, menos radical e com a possibilidade de conversarmos sobre tudo, respeitando todos e sem elevar a voz, fechar os punhos e olhar com o ódio característico da hostilidade. Que a paz domine nossos corações e mentes.
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