Setembro amarelo, suicídio e endividamento – por Marcelo Segredo
Por: Marcelo Segredo – Consultor Financeiro
O mês de setembro foi o escolhido para levantar a bandeira e lançar luz em direção a um problema que infelizmente está cada vez mais frequente no Brasil: o suicídio. As discussões sobre o tema por si só já são de extrema importância. Afinal de contas, as estatísticas mostram que o número de pessoas que cometem suicídio está crescendo no Brasil. Mas você deve estar se perguntando sobre a relação entre setembro amarelo e endividamento. Seria imprudente de minha parte afirmar aqui que um quadro de superendividamento ou então endividamento momentâneo é diretamente responsável por essas mortes. Entretanto, com base em 20 anos de experiência, posso afirmar que a situação serve como porta de entrada para uma espiral de problemas psicológicos.
Atendo diariamente pessoas físicas e jurídicas com problemas de endividamento e posso afirmar que todas estão passando por algum problema de saúde ou psicológico. Primeiro porque os sintomas são aparentes e segundo porque elas acabam relatando as transformações ocasionadas pelo endividamento em sua vida pessoal e profissional. O endividamento das famílias brasileiras continua crescendo e os índices bateram recorde neste ano. Em meus estudos sobre comportamento financeiro, pude observar que atitudes indispensáveis numa relação comercial como avaliar, planejar, negociar ou até mesmo se frustra com a impossibilidade da compra são afetados quando estamos endividados. Esse desequilíbrio provoca reações emocionais diante da pressão social e da sensação de impotência perante a resolução do problema. Para essas reações damos o nome de Psicossomatização, que de maneira simples pode ser traduzida como a transformação de uma dor emocional em uma reação fisiológica.
RENEGOCIAÇÃO DE DÍVIDAS E JUROS ABUSIVOS
Se a situação foi provocada pelo endividamento, a conscientização financeira é sem dúvida o primeiro passo. Se você for uma pessoa física, o primeiro passo é procurar a ajuda de um especialista que ajude a renegociar as dívidas excluindo todos os juros excessivos. Somente assim você irá conseguir negociar um bom acordo e evitar a cobrança de mais juros abusivos. Porém, se você for empresário, saiba que é cada vez mais comum a inclusão de palestras, cursos de Finanças Pessoais e demais eventos corporativos. As empresas que fazem uso desse recurso já apresentam ótimos resultados, sobretudo na redução no nível de faltas e na qualidade de vida de seus funcionários. Se a sua empresa oferece a opção de desconto em folha para empréstimos, basta se informar no departamento de RH sobre o nível de endividamento e inadimplência dos colaboradores. A verificação da quantidade de funcionários que procuram este setor com intenção de vender férias, antecipar o 13° salário, conseguir empréstimos ou até mesmo os pedidos para fazer mais horas extras indicará o grau do problema.
CASAIS PENSAM E AGEM ERRADO
O planejamento financeiro para evitar dívidas e problemas psicológicos deve começar dentro de casa. Ouso afirmar que 80% dos casais não fazem planejamento financeiro. É o famoso “cada um por si”. Ele não sabe quanto ela ganha e ela tão pouco sabe dele. As despesas da casa são divididas (aluguel ou prestação do imóvel, água, condomínio, luz etc.) e as sobras cada um gasta da forma que bem entende. Outros optam por uma conta conjunta que ambos têm a responsabilidade de controlar. Há ainda quem prefira deixar a gestão financeira só para um dos dois. É justamente nesse delicado campo que pode surgir uma traição. Não daquelas que envolvem escapadas de um dos parceiros com uma terceira pessoa. É a chamada infidelidade financeira, onde um dos cônjuges (ou até ambos) esconde informações relativas ao dinheiro. Lembre-se: o que está em jogo é da cumplicidade e a confiança e, quando esses quesitos são afetados, toda a base da relação é colocada em risco.
Deixe uma resposta